The Answer Man: Ver, Aborrecer e depois Esquecer.

É-me extremamente fácil caracterizar este filme. The Answer Man – Eu e Deus é uma película de pouco ou nenhum conteúdo e com uma narrativa completamente es-tagnada na história inicial. Os desempenhos dos protagonistas não correspondem a essa desgraça, mas também não ficam aquém de um “razoável”. É nos seus estados gerais um filme chato, entediante e sem ponta por onde se lhe pegue.

The Answer Man – Eu e Deus, escrito e realizado por John Hindman, conta-nos a história de Arlen Faber, encarnado por Jeff Daniels, escritor de um best-sellermundial de auto-ajuda espiritual que fez furor na década de 80/90. Mas Arlen é tudo menos o reflexo do seu livro. A sua vida é vazia e tem pouco sentido. É só quando este encontra Elizabeth, interpretada por Lauren Graham, e Kris Lucas, interpretado por Lou Taylor Pucci, que a sua existência começa a revitalizar. Este é o pilar que sustenta toda a narrativa do filme. Um pilar bastante frágil.

Uma premissa de pouco gabarito como esta merecia algum desenvolvimento das personagens e do restante enredo. Mas desde Kris Lucas até Arlen Faber não vemos mais do que personagens ready-mades, construídas em modelos muito soft, completamente normalizadas, sem conteúdo e sem interesse cinematográfico.

O livro e a cultura literária surgem no filme como um centro, ou melhor, como a temática para todo o drama de Arlen e da sua vida. A essência do autor. O poder do livro. A cultura do próprio livro em geral. Aqui e ali, evidenciamos sinais que remetem-nos para essas temáticas. Mas todos estes sinais estão despojados de qualquer sentido mais amplo. Na minha opinião, não passa de uma tentativa forçada do realizador de intelectualizar o seu romance e cobrir a sua total falta de ritmo. Mas nem os diálogos, suficientemente bons para um romance deste tipo, conseguem salvar o público do bocejar constante a que está habilitado.

The Answer Man – Eu e Deus é uma película sem qualquer tipo de essência, nem a nível artístico, nem a nível comercial. A tentativa de envergar pelos dois níveis, levou a que John Hindman se esquece-se do fundamental, captar o entusiasmo e o interesse da audiência, o que revela a sua imaturidade na realização e escrita para cinema. Sem conteúdo ou sem ritmo, o destino deste filme é, desde à partida, o esquecimento do público. Nem agrada àqueles que procuraram se entreter, nem agrada àqueles que procuram se rever na arte.

Um filme que desaconselho a todos. Óptimo para adormecer, ou para compreender como não fazer um filme. Sem interesse para o cinema em geral.

(Crítica também publicada emhttp://www.espalha-factos.com/2010/05/the-answer-man-ver-aborrecer-e-depois-esquecer/)