Considerações e opinações sobre a sétima arte.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Amar... é Complicado!: Trivialidade ao serviço do Entretenimento



Amar…é complicado! (It's Complicated) surge como uma agradável experiência. Sem muito para acrescentar aos nossos imaginários nem ao historial artístico do cinema, este filme não deixa de ser um bom entretenimento, se esse for o objectivo de quem o vê. Algumas gargalhadas, alguns momentos emotivos e três actuações de nível por parte de três grandes do cinema actual. A banalidade do argumento é presente, mas também não se esperaria o contrário. Ao visualizarmos este filme, devemos nos despejar do nosso sentido artístico e simplesmente nos divertir.

O argumento não poderia ser mais trivial. Jane, interpretada pela maravilhosa Meryl Streep, é uma chef e dona de um restaurante que vive feliz, dez anos depois de se ter divorciado. Jake, o ex-marido encarnado por Alec Baldwin, voltou a casar e a constituir uma “nova” família. Os dados para a nossa trama romântica são lançados desta maneira. Com facilidade, Nancy Meyers, a realizadora e argumentista conhecida pelo seu sucesso com Alguém te que Ceder (Something’s Gotta Give), colocaJane e Jake a reatarem a paixão dos velhos tempos, indo contra a moral do novo casamento de Jake. Talvez seja neste ponto da narração, que é constante durante algum tempo, que vemos o ponto forte do duo Streep/Baldwin. As reacções ao sucedido são tão antagónicas (Jane fica cheia de remorsos, enquanto Jake não quer outra coisa) que se tornam bastante agradáveis aos nossos olhos. Mas se ficasse por aqui, dentro da banalidade, o argumento seria ainda mais banal. Portanto, Meyers introduz Steve Martin para compor a trindade, desempenhando o papel de Sam, um arquitecto sensível que sofre com o divorcio com que teve  de passar. De Martin, apesar do fraco desenvolvimento da personagem, não ser culpa dele, esperaríamos muito mais. Além das suas aparições serem escassas e um pouco forçadas, Steve Martin não parece muito seguro de si no papel de Sam, o que se faz notar ao lado de um bastante engraçado e confiante Alec Baldwin (Será curioso ver estes dois senhores na noite dosOscars).


A questão do amor é aqui retratada como uma matéria difícil de ingerir. Como no caso de Alguém te que CederMeyers vai estruturar a narrativa de forma a criticar o amor platónico sem complicações, pela falta de contextualização que este tem. No caso de Jane e Jake, estaria em jogo, não só a nova família de Jake, como os filhos que os dois tinham em comum, que, por sua vez, já tinham passado por muito durante o divórcio. A ansiedade e o desespero que Jane vai sentir durante o filme retrata bem o quanto é complicado quando não se contextualiza o amor e se vive num mar de rosas.
Concluindo, Amar… é complicado! equivale a um bom serão passado no cinema, se e só se não formos em busca de arte cinematográfica e sim de um bom pedaço de entretenimento. Não devemos confundir-nos com os grandes actores que entram neste filme. Mesmo assim, eles são a chave que torna este filme agradável de se ver, caso contrário teríamos mais um filme de domingo à tarde sem consistência e sem emoção. Não se iludam, Amar... é complicado! não tem nada que se lhe diga, apenas três óptimos actores que nos fazem sentir as suas representações, mesmo não estando no seu melhor.
Um filme para ver, gostar e depois esquecer.

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