
Tudo o resto fica em suspenso. Um enredo fraco, cheio de buracos e clichês, num estilo de Pocahontas futurista, onde as personagens são pouco profundas e os laços que as unem pouco desenvolvidos. Primeiramente, são-nos apresentadas duas realidades, uma que remete para a ocupação do planeta pandora, pela espécie humana, e outra que se refere à resistência da tribo humanóide na'vi. A personagem central, um ex-fuzileiro dos EUA, surge como elo de ligação entre estas duas realidades. Este vai se introduzir na comunidade nativa e se comportar como um estrangeiro que, aos poucos, se vai integrando no grupo. Mas o que poderia ser uma situação de um grande potencial artístico, torna-se num clichê amoroso entre o ex-fuzileiro e uma das nativas. Onde poderíamos encontrar personagens peculiarmente interessantes, relacionadas com a questão do (re)conhecimento de uma nova cultura, encontramos uma série de sequências centralizadas numa única relação, que por sua vez deixa muito a desejar. Na segunda realidade, encontramos um grupo industrial que, com o auxílio de militares mercenários, explora os recursos do planeta. Aqui, são-nos apresentadas personagens simplistas que nos tentam transmitir uma imagem de crueldade e indiferença, com o intuito de as ligar à imagem da Humanidade pós-industrial e capitalista. Tal acaba por falhar pela falta de desenvolvimento das personagens e pelo uso de graves clichês. Com alguma facilidade, conseguiríamos aceitar a estrutura base desta narrativa, que se baseia no confronto entre uma espécie conquistadora, desconhecida, e entre uma outra residente que não ambiciona nada para além da paz. Contudo, este enredo não acrescenta nada ao mundo cinematográfico, ficando-se por uma história padrão, com personagens simplistas e com pouco conteúdo.
Posso concluir que o filme ganha imenso potencial pela óptima utilização dos efeitos especiais, mas, talvez por uma certa preguiça, cai no mesmo erro de muitos dos blockbusters do seu nível, a banalidade. Contudo, é, sem dúvida alguma, um épico que honra o género e que traz para o cinema uma forma de criação inovadora e muito respeitável, mas que deixa algo a desejar.
Francisco Noras
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