Considerações e opinações sobre a sétima arte.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Inception: Novo filme de Nolan promete marcar



O final do ano de 2009 reservou-nos uma pena surpresa bastante comprometedora. No passado dia 28 de dezembro, saiu, no site da apple, o trailer do novo filme de Christopher Nolan, "Inception". O filme conta com a participação de estrelas como Marion Cotillard, vencedora do Oscar de melhor actriz pelo filme "La môme", de 2007, Ken Watanabe, o mestre Michael Canne e, como protagonista, Leonardo Di Caprio. 
Depois do estrondoso sucesso que teve com "The Dark Night", no ano de 2008, Christopher Nolan aposta em mais uma super produção que, segundo o calgarysun, conta com um orçamento que ronda os 200 milhões de dólares (mais 25 milhões que "The Dark Night"). Novamente, a Warner Bros. apostou em Christhoper Nolan, cedendo-lhe total liberdade na produção, compartilhada com Emma Thomas, na realização e no argumento.
Pelo visionamento do trailer, podemos compreender que Nolan não se quer deixar ficar  atrás dos seus colegas de hollywood, no que toca a efeitos especiais digitais, tentando aplicar tais técnicas a uma narrativa cinematográfica  centrada na questão do poder das idéias e de como estas podem alterar e construir o mundo. Nolan procurar criar um thriller dramático que, pelas imagens já divulgadas, alia acção ao seu suspense já característico, causando alguma da emoção e do entusiasmo encontrados nos seus mais recentes filmes. Com um elenco recheado de actores de topo (é de focar as últimas actuações de Dicaprio, desde "Blood Dimond" a "Revolucionary Road") e com uma equipa conceituada, como é o caso de Chris Corbould, o chefe da equipa de efeitos especiais conhecido pelo seu trabalho nos últimos filmes da saga de 007 e no próprio "The Dark Knight", só podemos esperar o melhor.
Pena é que a espera tem que durar sete meses, visto que o filme apenas estreia dia 16 de julho de 2010. Sem dúvida, será um dos mais esperados blockbusters de verão do próximo ano. Para já, reconhecemos o seu imenso potencial.


Ficamos, atenciosamente, à espera, mas por enquanto deslumbremo-nos com o Trailer.





Francisco Noras

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Do YouTube a Hollywood










Há pouco mais de uma semana, fui de encontro a uma notícia que me deixou surpreendentemente feliz. Um publicitário uruguaio,  Fepe Alvarez, foi contratado por um estúdio de hollywood graças a uma curta-metragem que produziu e publicou no YouTube, com um orçamento de apenas 200 euros. Agora, irá produzir, junto com Sam Raimi, o criador do clássico do género fantástico "The Evil Dead", de 1981, um filme com um orçamento de 27 milhões de euros e irá ser o próprio a tomar as rédeas da realização e a escrever o argumento.
A curta-metragem, intitulada "Ataque de Pânico!", dura apenas 4 minutos e 49 segundos e é um relato ficcional de uma invasão de “Robots Gigantes” da cidade de Montevidéu, capital do Uruguai. A película conta com uma montagem bastante profissional e com uma imagem bastante interessante, principalmente pelo uso de tons sépia. Os efeitos especiais, apesar de singelos (se comparados com as super produções de hollywood), são bem colocados nos jogos de câmara e nos planos de campo da cidade uruguaia. Todos os planos, na maioria curtos, enquadram a cidade em diferentes ângulos, criando uma certa naturalidade à sequência. Além do mais, o trecho musical encaixa perfeitamente no ambiente de pânico que a curta tenta projectar.   
Seria algo relativamente usual encontrar esta película num meio cinematográfico mais profissional, mas é de louvar toda a qualidade técnica que Alvarez atingiu com um orçamento tão pequeno. A sua capacidade é sem dúvida digna de elogios. Contudo, o que me deixou realmente satisfeito foi a facilidade com que Alvarez de imediato recebeu propostas de vários estúdios de hollywood. O próprio concordou que "se um realizador desconhecido de um país qualquer consegue atingir isto só por colocar um vídeo no YouTube, é óbvio que qualquer um o pode fazer". Tal facto mostra que até a indústria cinematográfica de "alta competição", como é o caso de Hollywood, está a abrir a sua esfera para campos mais desconhecidos e menos profissionais, como é o caso dos realizadores do YouTube. É, de facto, uma óptima notícia, para o mundo do cinema, saber que as grandes indústrias começam a apostar na qualidade, não olhando a nomes nem a estatutos pré-definidos.  ~

Deixo-vos, então, com "Ataque de pánico!", de Fepe Alvarez, para tirarem as vossas próprias conclusões.


domingo, 20 de dezembro de 2009

Avatar: Inovador, o quanto baste

Acabo de assistir à nova película de James Cameron, "Avatar". À partida, iria preparado para mais uma lufada de efeitos especiais e técnicas 3d inovadoras, como tinha prometido o realizador James Cameron, mas o que tive oportunidade de experienciar voou para além do que poderia prever. A reunião de fabulosos técnicos de efeitos especiais (entre os quais a Gentle Giant Studios e a Industrial Light & Magic) resultou num nível técnico sublime, não só no que toca à imagem como também no que diz respeito ao som. Cameron soube aproveitar essa técnica em prole da estrutura narrativa e do próprio cenário da acção, um mundo cheio de novas espécies animais, de plantas e uma peculiar tribo de nativos humanóides. Baseando-se nos clássicos da ficção científica, Cameron construiu um poderoso universo visual, sem que contudo tenha deixado de ser original. O planeta de pandora, de características semelhantes às da Terra, fazendo-nos lembrar a lua de Endor do clássico Star Wars: The Return of the Jedi, é explorado ao nível da flora e da fauna de tal forma que o espectador envolve-se, com extrema facilidade, neste novo mundo e se deslumbra a cada instante. As semelhanças com o planeta Terra não impedem, por sua vez, de realçar a originalidade da criação de pandora, que, sem margens para dúvidas, é a jóia do filme.
Tudo o resto fica em suspenso. Um enredo fraco, cheio de buracos e clichês, num estilo de Pocahontas futurista, onde as personagens são pouco profundas e os laços que as unem pouco desenvolvidos. Primeiramente, são-nos apresentadas duas realidades, uma que remete para a ocupação do planeta pandora, pela espécie humana, e outra que se refere à resistência da tribo humanóide na'vi. A personagem central, um ex-fuzileiro dos EUA, surge como elo de ligação entre estas duas realidades. Este vai se introduzir na comunidade nativa e se comportar como um estrangeiro que, aos poucos, se vai integrando no grupo. Mas o que poderia ser uma situação de um grande potencial artístico, torna-se num clichê amoroso entre o ex-fuzileiro e uma das nativas. Onde poderíamos encontrar personagens peculiarmente interessantes, relacionadas com a questão do (re)conhecimento de uma nova cultura, encontramos uma série de sequências centralizadas numa única relação, que por sua vez deixa muito a desejar. Na segunda realidade, encontramos um grupo industrial que, com o auxílio de militares mercenários, explora os recursos do planeta. Aqui, são-nos apresentadas personagens simplistas que nos tentam transmitir uma imagem de crueldade e indiferença, com o intuito de as ligar à imagem da Humanidade pós-industrial e capitalista. Tal acaba por falhar pela falta de desenvolvimento das personagens e pelo uso de graves clichês. Com alguma facilidade, conseguiríamos aceitar a estrutura base desta narrativa, que se baseia no confronto entre uma espécie conquistadora, desconhecida, e entre uma outra residente que não ambiciona nada para além da paz. Contudo, este enredo não acrescenta nada ao mundo cinematográfico, ficando-se por uma história padrão, com personagens simplistas e com pouco conteúdo.
Posso concluir que o filme ganha imenso potencial pela óptima utilização dos efeitos especiais, mas, talvez por uma certa preguiça, cai no mesmo erro de muitos dos blockbusters do seu nível, a banalidade. Contudo, é, sem dúvida alguma, um épico que honra o género e que traz para o cinema uma forma de criação inovadora e muito respeitável, mas que deixa algo a desejar.


Francisco Noras