Considerações e opinações sobre a sétima arte.

sábado, 9 de outubro de 2010

Lucky Luke: O pistoleiro belga


Nasceu, em 1941, na Bégica, uma estrela de B.D. europeu conhecida pela sua extrema destreza com a pistola e pela sua exagerada, mas invejável, sorte. Lucky Luke veio ao mundo com o sucesso nas veias e no universo dos Comics fez as delícias dos amantes destes livrinhos. Porém, tardou a envergar na carreira cinematográfica. Só em 1971, com o filme de animação Daisy Town, de Renné Goscini, pudemos ver pela primeira vez Lucky Luke no écran. E apesar de ser a 3º B.D. com mais sucesso na Europa, o percurso de Lucky Luke na área do cinema e da televisão, entre a animação e a comédia/acção, não chegou a fazer jus ao estrelato até então conseguido na B.D.
Chegamos a 2009, ano da estréia mundial deste novo filme Lukcy Luke, com um antecedente fílmico da saga, Les Dalton, de 2004, realizado por Philippe Haïm, muito pouco aclamado pela crítica. Assim, Lucky Luke é, desde a partida, um filme que não gera muita expectativa, apesar da figura “mítica” que o suporta. O que vemos neste novo filme do místico pistoleiro não difere muito do vimos em Les Dalton. Uma abordagem cómica bastante arriscada que passa algumas vezes a fronteira do ridículo, revelando pouca consistência no seu humor.

Apesar disso, a abordagem de Lucky Luke não deixa de ser um tanto quanto peculiar. A própria caracterização, o vestuário, os cenários e a imagem (com a utilização de cores fortes) ajudam a criar um western europeu que apenas podemos encontrar no livro de quadradinhos. O seu humor, muitas vezes exagerado e desenquadrado, vem descredibilizar essa imagem única.

A narrativa explora um pouco a história de Lucky Luke, incluindo as suas origens trágicas e a razão para este ser o cowboy que jurou nunca matar ninguém. Esta linha mais dramática vai ser retomada no desfeche do filme, jogando com os laços afectivos de Lucky Luke e com os sentimentos que este tem perante a vida. A acompanhar toda esta tragédia, surgem várias personagens famosas do velho Oeste que adoçam esta comédia “semi” dramática, tais como Jesse James, interpretado por Melvil Pupaud, Calamity Jane, encarnada por Sylvie Testud, e Billy The Kid, intrepetado por Michaël Youn.

Porém, é este misto entre a emotividade e o dramatismo da história de Lucky Luke e todo o teor humorístico do filme que gera um certo sentimento de instabilidade e incoerência. Apenas a fabulosa interpretação de Jean Dujardin, que dá vida a Lucky Luke, nos faz sentir alguma empatia com o filme. Em Lucky Luke acontece algo positivo que falhou em Les Dalton. A aura do Lucky Luke da B.D. é finalmente restabelecia no cinema. Ao contrário de Til Schweiger, que assume o papel do pistoleiro mais rápido que a própria sombra em Les Dalton, Jean Dujardin assegura bastante bem a personagem de Lucky Luke, gerindo, de forma magnificente, o seu teor cómico e a sua componente heróica e dramática.

Finalizando, podemos dizer que Lucky Luke não surpreende, nem nos faz ter mais esperança num prisma cinematográfico mais favorável para o pistoleiro mais rápido do Oeste. Não podemos, contudo, descartar o desempenhado do elenco, que deu alma a cada uma das personagens, apesar de algumas se desleixarem no humor lamacento acima descrito.

Um filme apenas para ver o herói de banda desenhada encarnado no grande écran e nada mais.

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